Entenda os mecanismos da doença silenciosa que afeta milhões de brasileiros e saiba o que é Osteoporose, as causas e o tratamento. Confira:
Muitas pessoas sabem o que é Osteoporose, mas não entendem os meandros da doença nem as formas de evitar ou conviver melhor com ela.
Pensando nisso, preparei um guia apresentando as respostas para as dúvidas mais frequentes dos pacientes, especialmente os idosos. Veja:
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O que é Osteoporose?
Para entender o que é Osteoporose, primeiramente é preciso compreender como se dá a formação óssea.
Os ossos são formados por minerais, especialmente pelo cálcio, e quando perdem a capacidade de metabolizar esses minerais de maneira adequada, vão perdendo massa ou densidade óssea, se tornando cada vez mais frágeis.
Dessa forma, os ossos se tornam mais suscetíveis a fissuras e fraturas potencialmente graves.
Em suma, a Osteoporose acarreta problemas no tecido ósseo de modo que a fragilidade do esqueleto aumenta o risco de fraturas, podendo assim, levar a limitações na vida do portador.
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Quais são as causas e fatores de risco da Osteoporose?
A Osteoporose pode apresentar diferentes causas e fatores de risco.
Mas em teoria, as principais causas estão ligadas a distúrbios que acarretam a deficiência dos minerais básicos necessários à formação dos ossos, ou dificuldade na absorção deles.
Por conta disso, a doença ainda é muito associada ao envelhecimento, visto que nessa fase alguns mecanismos de absorção de minerais e regeneração óssea apresentam falhas.
Além disso, estudos indicam que os principais fatores ligados ao desenvolvimento da osteoporose são:
- Deficiência de cálcio e vitamina D;
- Alimentação pobre em vitaminas e minerais;
- Envelhecimento;
- Sedentarismo;
- Alcoolismo;
- Tabagismo;
- Doenças (hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, entre outras);
- Menopausa precoce;
- Predisposição genética.
- Medicamentos (glicocorticoides, anticonvulsivantes, entre outros)
Sem a alimentação básica necessária à administração da meta de nutrientes exigidos pelas funções do organismo, os riscos de desenvolver a doença aumentam drasticamente.
Os déficits de nutrientes como cálcio e vitamina D são os mais associados ao desencadeamento do distúrbio.
Ademais, desequilíbrios hormonais, como o hipertireoidismo e o hipogonadismo, também estão frequentemente associados ao desenvolvimento da osteoporose.
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Por que o cálcio é tão importante?
Como os ossos são formados especialmente por minerais, sem a composição deles, perdem-se funções relacionadas à espessura, densidade e força.
O cálcio é o mineral mais abundante no nosso corpo e está presente principalmente nos ossos, onde tem um papel imprescindível na renovação óssea. Vários hormônios estão envolvidos no metabolismo ósseo, alguns deles com ação direta nas concentrações de cálcio no organismo. Esses hormônios incluem aqueles formados na glândula tireóide, o hormônio do crescimento, a calcitonina, o PTH e os hormônios sexuais.
Todos esses hormônios de alguma forma estão associados aos mecanismos de regeneração óssea, onde é feita a reparação do tecido ósseo garantindo a sua boa formação.
Dessa forma, sem o cálcio, todos os outros aparatos fisiológicos sofrem desordem.
Em suma, qualquer falha em um desses processos poderá acarretar má formação óssea e ocorrências potencialmente graves, como a osteoporose e suas complicações, as fraturas.
Tipos de Osteoporose
Existem dois tipos de classificação da Osteoporose, baseados nas causas da doença.
A classificação se dá em dois tipos de Osteoporose. A Osteoporose primária e a Osteoporose Secundária.
Na Osteoporose primária as causas estão ligadas a fatores naturais, como baixas na produção hormonal, que ocorrem na fase pós-menopausa.
Outro fator é também em decorrência da diminuição da quantidade de cálcio inerente ao envelhecimento natural do corpo, mas de forma acentuada.
Já na Osteoporose secundária estão associadas outras doenças que provocam o desenvolvimento do distúrbio ósseo.
As doenças relacionadas à Osteoporose secundária são doenças como distúrbios hormonais, como Hipertireoidismo e Doença de Cushing.
Além de processos inflamatórios, como a Artrite Reumatoide, e certos tipos de câncer que afetam o tecido ósseo, como o Mieloma Múltiplo.
O uso indiscriminado de alguns medicamentos também pode ocasionar a doença.
Ademais a esses dois tipos, há também a Osteoporose Idiopática, decorrente da perda de massa óssea sem causa específica, sendo um tipo mais raro do distúrbio.
Osteoporose apresenta sintomas?
Como a perda de massa óssea ocorre gradativamente, a doença se desenvolve de forma silenciosa.
Na grande maioria dos casos só é percebida quando há algum tipo de fratura por motivos torpes.
Essas fraturas sem fatores motivadores geralmente ocorrem em regiões de menor densidade óssea.
Então, fique atento a deformidades nos braços, dores em articulações e pequenas fraturas sem motivo em regiões como punhos, quadril e coluna.
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Como é feito o diagnóstico?
Por conta da ausência de sintomas aparentes, frequentemente o diagnóstico se dá após queixas de fraturas.
Nesses casos, a motivação das fraturas é investigada por meio de exames solicitados pelo médico especialista.
Alguns especialistas, como geriatras, solicitam esses exames antes mesmo das queixas a fim de prevenir fraturas, principalmente em casos de pacientes idosos.
Desse modo, os exames mais comuns são os exames de densitometria óssea, exames de níveis de vitamina D e exames associados a causas de Osteoporose secundária.
Portanto, a regularidade de consultas clínicas com um médico de confiança é imprescindível.
Principalmente se o paciente estiver em idade acima dos 60 anos, possuir fatores de risco, apresentar queixas de fraturas passadas e estiver na fase pós-menopausa.
Como é feito o tratamento?
O tratamento para Osteoporose é baseado na administração de medicamentos, suplementação alimentar e prática de exercícios de fortalecimento.
Os medicamentos prescritos são utilizados tanto na prevenção quanto no tratamento da doença.
São medicamentos relacionados à redução de perda de massa óssea, reduzindo assim o risco de fraturas.
Também são associados medicamentos responsáveis pelo controle hormonal de alterações referentes a doenças que acarretam a osteoporose.
Além disso, a suplementação de cálcio e vitamina D, quando indicada, é associada à prática regular de exercícios físicos de fortalecimento.
Portanto, além do tratamento com medicação específica para cada tipo de Osteoporose, também é recomendado o combo de exercícios e suplementação.
Seguindo as recomendações médicas e fazendo o tratamento das lesões já existentes, é possível combater os desgastes ocasionados pela Osteoporose.
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Osteoporose afeta mais as mulheres?
Sim, a Osteoporose é mais comum em mulheres e acaba afetando mais o grupo feminino.
Em razão da influência do hormônio estrogênio, um hormônio sexual feminino, responsável também pelo equilíbrio da massa óssea.
Durante a fase da menopausa, o estrogênio sofre uma queda brusca de dosagem no organismo, consequentemente afetando a densidade óssea nas mulheres.
Por conta disso, a incidência de casos de Osteoporose é mais comum em mulheres do que em homens, especialmente na faixa etária pós-menopausa.
Com a queda do hormônio, os ossos sofrem com descalcificação e se tornam mais frágeis e suscetíveis a danos, como fraturas.
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Quais são as consequências da Osteoporose?
A partir da condição de fragilidade dos ossos, que se tornam mais propensos a fissuras e fraturas, a vida do portador pode vir a se tornar um pouco mais limitada.
Além de ter que fazer acompanhamento do quadro clínico e suplementação alimentar e medicamentosa, é preciso redobrar a atenção quanto a alguns hábitos.
Algumas práticas que eventualmente possam vir a sobrecarregar os ossos e a musculatura devem ser evitadas.
Ademais, as dores e pequenas fraturas podem ser recorrentes, exigindo tratamento, fisioterapia e atenção no que se refere à recuperação.
As consequências mais graves estão associadas a acidentes, lesões sérias e limitações físicas provocadas pela doença.
No geral, o acompanhamento médico deve ser uma realidade regular na vida do paciente, a partir do diagnóstico.
O médico responsável devidamente capacitado solicitará rotineiramente exames de densitometria óssea e taxas de cálcio e vitamina D.
Dessa forma, corrigindo níveis e reajustando sempre que necessário para um acompanhamento e tratamento satisfatórios.
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Tem como prevenir a Osteoporose?
Apesar de a doença estar associada a outros fatores, como predisposição genética e outras doenças relacionadas, em alguns casos é possível prevenir sim.
São recomendados alguns hábitos de vida que podem reduzir significativamente as chances de desenvolver a doença.
Em muitos casos, após diagnosticar a propensão em desenvolvê-la e iniciar hábitos preventivos, é possível reverter o quadro de desgaste e evitar a progressão da doença.
As dicas para prevenir a Osteoporose são:
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Alimentação rica em vitaminas e minerais;
- Suplementação de vitamina D em quantidades adequadas, quando indicada, conforme receitado pelo médico;
- Tomar sol regularmente em horários seguros;
- Ingerir alimentos ricos em cálcio;
- Fazer controle regular das taxas hormonais;
- Fazer exames periódicos para averiguar fatores de risco, principalmente após os 60 anos.
- Gerenciar fatores de risco (não fumar, evitar bebidas alcoólicas e sedentarismo);
- Praticar exercícios de fortalecimento muscular adequadamente, conforme orientação profissional.
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Como conviver com a osteoporose?
Depois de adquirir informações sobre o que é Osteoporose, entender o quadro clínico e buscar o tratamento adequado é muito possível conviver bem com a doença.
É importante que o paciente portador de osteoporose tenha clareza e aceitação em reconhecer que possui a doença para que possa tratá-la adequadamente evitando, assim, complicações potencialmente graves.
Dessa forma, seguindo as recomendações médicas, se atentando a novos hábitos de vida saudáveis e preventivos, os resultados são muito positivos.
Com a suplementação vitamínica, medicamentos e exercícios, a exposição a fraturas diminui.
O fato do portador assumir e aceitar a sua nova realidade e, a partir disso se comprometer a conviver da melhor maneira possível com a doença torna tudo muito mais fácil.
Temos que lembrar que a Osteoporose é uma doença silenciosa e que, apesar de não ter cura, apresenta boa resposta ao tratamento e acompanhamento clínico, podendo evitar o surgimento de limitações e complicações.
Portanto, a observação da saúde e averiguação da presença de fatores de risco é parte importantíssima do processo.
Agora que você já sabe o que é Osteoporose, procure seu médico, faça exames e cuide bem da sua saúde. Até a próxima!
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Dra. Ludmila Lodi
Além da graduação em medicina pela UFMG, a Dra. Ludmila também fez residência em Clínica Médica no Hospital João XXIII e residência em Geriatria pelo Hospital das Clínicas da UFMG. Trabalha como médica Geriatra da Medsenior. Tem como experiência de trabalho a atuação como médica do Programa de Saúde da Família na Prefeitura de Itabirito/MG, médica geriatra da Usiminas, plantonista e apoio ao corpo discente na UTI do Hospital Universitário da Ciências Médicas e na UTI de queimados no Hospital João XXIII.⠀