Entenda melhor a doença que acomete mais de 200 mil brasileiros e que é mais conhecida pelo tremor, a Doença de Parkinson. Confira:

A Doença de Parkinson é conhecida principalmente por seu sintoma mais óbvio, o tremor nos membros.

Mas você conhece todos os sintomas, causas, o que provoca a doença, tratamento e como conviver melhor com ela?!

Para esclarecer as dúvidas de quem suspeita ser portador ou procura conviver melhor com a doença, leia o guia básico com todas as informações principais. Veja:

 

  • O que é Doença de Parkinson?

 

A Doença de Parkinson é um distúrbio degenerativo que atinge o sistema nervoso central e compromete os movimentos.

A síndrome foi descoberta em meados de 1817 pelo médico inglês James Parkinson, o qual deu nome à doença.

O médico estudou casos de tremores e agitações desconhecidos, e então, identificou disfunções cerebrais que explicavam o quadro clínico dos pacientes.

A partir de então, estudos mais específicos passaram a ser feitos a fim de compreender os mecanismos da doença, como causa dos sintomas e possíveis tratamentos.

 

  • Causas do distúrbio

 

Desde o início dos estudos mais aprofundados da Doença de Parkinson, pesquisadores identificaram que a principal causa da doença é a diminuição intensa e progressiva de dopamina.

A dopamina é um neurotransmissor responsável pela comunicação entre as células nervosas, sendo atuante na realização dos movimentos voluntários do corpo.

A substância é produzida pelas células nervosas da denominada substância negra do cérebro.

Não há uma razão específica conhecida que explique a perda acentuada das células responsáveis pela produção de dopamina no organismo.

O que se sabe até o momento, é que a ausência de quantidades necessárias do neurotransmissor compromete funções motoras simples, provocando os sintomas.

Existem sim fatores de risco que podem aumentar o potencial para desencadear a doença, como idade avançada, sedentarismo, estilo de vida, herança genética e questões ambientais.

Porém, apesar da evolução dos estudos, a ciência ainda não conseguiu chegar a um desfecho sobre as causas dos mecanismos envolvidos na degeneração cerebral.

Por que a doença causa tremores? 

Como o neurotransmissor dopamina está relacionado à função motora também dos membros, tanto superiores quanto inferiores, a ausência dele afeta diretamente os movimentos dessas áreas.

Dessa forma, com a diminuição da comunicação entre as células, feita pela dopamina, os movimentos começam a ocorrer de forma involuntária, caracterizando os tremores.

A doença neurológica é crônica e progressiva, e os sintomas que começam com tremores quase imperceptíveis vão se acentuando conforme a degeneração das células cerebrais aumenta.

 

  • Quais são os sintomas?

 

Um dos sintomas mais relatados e a principal causa de procura dos médicos pelos portadores, são os tremores involuntários.

Mas a doença não apresenta somente essa característica, e só esse sintoma não é suficiente para fechar diagnóstico.

Então, é bom estar atento à presença de dois ou mais sintomas conjuntos.

Os principais sintomas da Doença de Parkinson são:

  • Tremores dos membros em repouso;
  • Lentidão dos movimentos corporais;
  • Anormalidades na postura;
  • Rigidez muscular;
  • Dificuldade de locomoção;
  • Queixas de dores musculares;
  • Mudanças comportamentais (alterações na personalidade, irritabilidade, depressão, ansiedade e sintomas associados);
  • Desaparecimento de movimentos involuntários, como piscar de olhos, por exemplo;
  • Comprometimento de movimentos delicados, como o movimento de pinça dos dedos e habilidade de escrita.

Os sintomas podem começar tímidos e ir progredindo na intensidade e gravidade.

Como o cérebro é responsável por muitos movimentos e comandos corporais, pode haver comprometimento de várias áreas que não somente os membros.

A doença é mais conhecida pelos seus sintomas motores, mas também cursa com sintomas chamados não-motores, como diminuição do olfato, constipação, alterações de comportamento e do sono.

Portanto, é preciso ficar atento a questões comportamentais e diminuição de habilidades antes feitas com facilidade.

Ao menor sinal de presença de sintomas suspeitos é indispensável a procura de um especialista para diagnóstico adequado.

 

  • Como é o diagnóstico?

 

Como a maioria das doenças, quanto mais cedo o diagnóstico, mais positiva será a resposta ao tratamento.

Primeiramente, é indicado procurar um médico e relatar os sintomas que motivam a suspeita.

Médicos geriatras e neurologistas, que estão mais habituados à doença, por conta da especialidade, são os mais indicados.

Em seguida, com base na anamnese e queixas do paciente, serão solicitados exames específicos para o diagnóstico diferencial, mas é bom reforçar que o diagnóstico da Doença de Parkinson é essencialmente clínico.

Visto que alguns sintomas são comuns a outras doenças neurológicas com tratamentos distintos, portanto, um diagnóstico correto é imprescindível.

Por conseguinte, exames de tomografia computadorizada, mapeamento cerebral e exames de quantificação de dopamina cerebral podem ser solicitados.

Apesar de não existir um exame que declare a portabilidade da doença, são os exames complementares citados, que juntamente ao acompanhamento dos sintomas, remetem ao desfecho do diagnóstico.

 

  • Como é o tratamento?

 

O tratamento pode variar conforme cada caso, cada sintoma apresentado e nível de evolução da Doença de Parkinson.

A forma de tratamento mais utilizada é a associação de intervenção medicamentosa e terapias para melhorar as respostas motoras.

Entretanto, não existe nenhuma droga que interfira diretamente na progressão ou estagnação do quadro clínico.

Mas há drogas que propiciam a reposição parcial de dopamina no organismo, atenuando alguns sintomas provocados pela ausência da substância.

Além disso, aliada à medicação, são recomendadas sessões de fisioterapia, terapias cognitivas, fonoaudiologia, psicoterapia, e até terapia ocupacional.

Todos esses tratamentos visam auxiliar na melhora da qualidade de vida do portador da doença, já que ela afeta várias áreas do corpo e também a vida do paciente e dos familiares.

Além de práticas que visem a melhora do quadro motor, são indispensáveis técnicas que melhorem as capacidades mentais, visto que a cognição e o estado psicológico também podem ser nafetados.

Perder a capacidade de controle do próprio corpo não é uma realidade fácil, e pode comprometer outras questões.

Em alguns casos mais severos, existe a possibilidade de intervenções cirúrgicas a fim de estimular determinadas áreas do cérebro que podem melhorar o quadro e diminuir sintomas mais limitantes.

Hábitos de vida saudáveis também fazem parte do tratamento, pois melhoram a qualidade de vida do paciente e influenciam na convivência com os sintomas e no estado psicológico do portador.

 

  • A Doença de Parkinson tem cura?

 

Infelizmente, a Doença de Parkinson ainda não tem cura.

O tratamento é baseado na diminuição dos sintomas, mas ainda não há nenhuma técnica ou medicamento que interfira na progressão ou regeneração da destruição das células nervosas.

Diante dessa realidade, não há nada que possa reverter o quadro do paciente, mas sem dúvida o tratamento pode melhorar muito a qualidade de vida do mesmo, promovendo melhorias na convivência com os sintomas da doença.

Uma vez diagnosticado, o tratamento será parte da rotina do paciente ao longo da  vida.

A boa notícia  é que com o avanço da ciência, a cada dia, novas técnicas e medicações eficientes são desenvolvidas com foco na melhora dos sintomas.

Inclusive, promessas de novos estimuladores cerebrais, pesquisas promissoras sobre medicamentos, entre outros.

Apesar de não haver cura, é possível conviver melhor com a doença e amenizar sintomas.

 

  • Como prevenir?

 

Alguns hábitos de vida podem evitar que a doença se instale precocemente, mas não há como evitar que ela ocorra se houver predisposição para que isso aconteça.

Por conta do comprometimento da produção de neurotransmissores ligado à morte neuronal, a doença é mais comum na terceira idade.

Mas também pode acometer outras faixas etárias em casos mais graves, tendo funções motoras comprometidas ainda muito cedo.

Por ser um transtorno degenerativo, hábitos de vida saudáveis no decorrer da vida adulta podem retardar o desenvolvimento da síndrome.

São recomendados prática de atividade física regular, alimentação saudável rica em nutrientes como vitaminas e minerais, evitar o tabagismo e ingestão de álcool, dormir bem e evitar situações de estresse.

Não tem como evitar que aconteça, mas é bem possível retardar que os sintomas apareçam precocemente somente cuidando da saúde desde cedo.

 

  • Como lidar com a Doença de Parkinson?

 

 Inegavelmente, todos sabemos que lidar com o processo de envelhecimento do corpo não é tarefa fácil.

Mas lidar com a possibilidade de perda das suas capacidades de forma severa e rápida é ainda mais complicado de conviver.

Se imaginar tendo dificuldade em executar tarefas cotidianas comuns, o que pode ocorrer nas formas avançadas ou em casos mal tratados, pode trazer consequências psicológicas graves ao paciente.

Por isso, um acompanhamento médico especializado é muito importante. É o tratamento médico que trará meios para que o portador consiga lidar com a doença da melhor forma possível.

Além disso, a presença da família, amigos e entes queridos facilita muito todo o processo, pois o paciente se sente mais forte e querido para lidar com as dificuldades.

Não se esqueça também que quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais resultados satisfatórios serão possíveis.

As técnicas de tratamento, como psicoterapia, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, quando feitas em conjunto apresentam respostas clínicas excelentes em relação aos sintomas.

Assim que qualquer sintoma suspeito for percebido, procure ajuda médica especializada.

Receber o diagnóstico de Doença de Parkinson pode assustar, mas propicia o tratamento adequado e garante uma vida com mais qualidade e maior independência ao portador.

Gostou de se informar sobre a Doença de Parkinson?! Então, agora que possui todas as informações necessárias não hesite em procurar ajuda médica ao menor sinal. Fique bem!

 

 

Dra. Ludmila Lodi

 

Além da graduação em medicina pela UFMG, a Dra. Ludmila também fez residência em Clínica Médica pelo Hospital João XXIII e residência em Geriatria pelo Hospital das Clínicas da UFMG. Trabalha como médica Geriatra da Medsenior. Tem como experiência de trabalho a atuação como médica do Programa de Saúde da Família na Prefeitura de Itabirito/MG, médica geriatra da Usiminas, plantonista e apoio ao corpo discente na UTI do Hospital Universitário da Ciências Médicas e na UTI de queimados no Hospital João XXIII. Geriatra e sócia da Clínica Incentro em Belo Horizonte e Lagoa Santa.