Atingir os 70 anos pode ser uma conquista repleta de sabedoria e histórias, mas também pode trazer novos desafios de saúde, incluindo doenças crônicas como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Nessa fase da vida, é crucial entender como nosso corpo muda e quais doenças se tornam mais comuns. A DPOC é uma delas, afetando significativamente a qualidade de vida. Este artigo visa esclarecer o que é a DPOC, como ela afeta os idosos, os fatores de risco associados, os sinais e sintomas para estar atento e as medidas preventivas que podem ser tomadas para preservar a saúde pulmonar.

 

O que é DPOC?

 

A doença pulmonar obstrutiva crônica, comumente conhecida como DPOC, é uma doença progressiva que geralmente piora com o tempo e inclui condições como enfisema e bronquite crônica. É caracterizada por uma restrição ao fluxo de ar nos pulmões que não é totalmente reversível e é comumente associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos.

 

  • Enfisema: No enfisema, os alvéolos, que são pequenas bolsas de ar onde ocorre a troca de oxigênio e dióxido de carbono no sangue, são destruídos. Isso reduz a área superficial do pulmão e, portanto, a quantidade de oxigênio que pode entrar na corrente sanguínea.
  • Bronquite crônica: É definida pela presença de tosse e expectoração por pelo menos três meses em cada dois anos consecutivos. Na bronquite crônica, ocorre uma inflamação dos brônquios, com aumento da produção de muco, o que dificulta a respiração.

 

Fatores como a exposição crônica ao fumo do tabaco (ativo ou passivo), poluentes ambientais, poeira e produtos químicos no local de trabalho podem causar e agravar a DPOC. Embora a DPOC seja mais frequentemente diagnosticada em pessoas de meia-idade ou mais velhas, fatores genéticos, como a deficiência de alfa-1-antitripsina, também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença em adultos mais jovens.

 

O diagnóstico precoce e o tratamento são fundamentais para o manejo da DPOC. Isso geralmente envolve a espirometria, um teste que mede a quantidade de ar que uma pessoa pode inalar e exalar, e a rapidez com que o faz. A DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo e tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Embora a DPOC seja uma doença crônica incurável, seu progresso pode ser retardado e a gestão dos sintomas pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Como ela é enfrentada na terceira idade?

 

O enfrentamento da DPOC na terceira idade é um processo complexo que requer uma abordagem holística e adaptada às necessidades individuais. O tratamento farmacológico, como broncodilatadores e corticosteroides inalatórios, é essencial para o controle dos sintomas. No entanto, outras estratégias são igualmente importantes:

 

  • Reabilitação Pulmonar: Programas de reabilitação pulmonar, que combinam exercícios físicos, educação sobre a doença e técnicas de respiração, podem ajudar a melhorar a capacidade de exercício e a qualidade de vida.
  • Nutrição: A nutrição adequada é vital, pois o peso corporal inadequado pode agravar os sintomas da DPOC. Dietas balanceadas podem melhorar a energia e a saúde geral.
  • Oxigenoterapia: Para aqueles com níveis significativamente baixos de oxigênio no sangue, a oxigenoterapia pode ser necessária para melhorar a qualidade de vida e a função cognitiva.
  • Vacinação: Vacinações regulares contra gripe e pneumonia são recomendadas para evitar infecções que podem exacerbar a DPOC.
  • Suporte psicológico e social: Terapias individuais ou em grupo podem ajudar a lidar com o estresse emocional. Apoio social de familiares, amigos e grupos de suporte para pessoas com DPOC é crucial.
  • Educação: Educar os pacientes e cuidadores sobre a doença permite um melhor autocuidado e reconhecimento precoce dos sintomas de exacerbação.
  • Planejamento de cuidados avançados: Discussões sobre cuidados em fim de vida são importantes para respeitar as vontades do paciente em relação ao tratamento e cuidados paliativos.

 

Adotar estas estratégias não apenas ajuda a controlar a DPOC, mas também contribui para a manutenção da independência e para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. É importante que o manejo da DPOC na terceira idade seja realizado com uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, para abordar todos os aspectos da doença e do bem-estar do paciente.

 

Quais os fatores de risco?

 

A compreensão dos fatores de risco é essencial para a prevenção e gestão da DPOC. O tabagismo é o mais significativo e conhecido, mas outros fatores incluem exposição a poluentes, poeiras e produtos químicos no ambiente de trabalho ou em casa. Além disso, infecções respiratórias recorrentes e a genética também desempenham um papel. É importante ressaltar que a idade avançada pode aumentar a vulnerabilidade aos efeitos desses riscos devido à diminuição natural da capacidade pulmonar.

Sintomas e sinais

 

O reconhecimento dos sintomas e sinais da DPOC é fundamental para o diagnóstico precoce e o manejo efetivo da doença. Os sintomas frequentemente começam de forma sutil e progridem com o tempo, podendo incluir:

 

  • Falta de ar (dispneia): Inicialmente pode ocorrer apenas durante o esforço físico, mas à medida que a doença progride, pode tornar-se presente mesmo em repouso.
  • Tosse crônica: Uma tosse que não desaparece e que muitas vezes é pior pela manhã é um dos sinais iniciais da DPOC. Pode ser seca ou acompanhada de muco.
  • Produção de catarro (expectoração): A quantidade de muco pode aumentar e tornar-se mais espesso e difícil de expelir.
  • Chiado no peito: Sons sibilantes ou chiado podem ser ouvidos durante a respiração, especialmente após a exalação.
  • Fadiga: O esforço necessário para respirar pode levar a um aumento da fadiga e redução da capacidade de realizar atividades cotidianas.
  • Infecções respiratórias frequentes: Pessoas com DPOC podem experimentar um número maior de resfriados, gripes ou pneumonias.
  • Perda de peso involuntária e atrofia muscular: Em estágios avançados, a DPOC pode causar perda de peso e enfraquecimento dos músculos, devido à energia extra necessária para a respiração.
  • Cianose: Coloração azulada dos lábios ou leito ungueal devido à falta de oxigenação no sangue.

 

Estes sintomas podem ser exacerbados por infecções respiratórias ou exposição a poluentes e podem levar a exacerbações da doença, que são episódios onde os sintomas se tornam significativamente piores e podem necessitar de atendimento médico urgente.

É importante não descartar esses sinais como parte do envelhecimento normal. Se os sintomas forem persistentes ou piorarem, é vital procurar avaliação médica. Testes de função pulmonar, como espirometria, podem ajudar a confirmar o diagnóstico de DPOC. Adicionalmente, a oximetria de pulso pode ser usada para monitorar os níveis de oxigênio no sangue e avaliar a necessidade de terapias suplementares de oxigênio. O manejo precoce pode evitar a progressão rápida da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Cuidados que podem ajudar a evitar a DPOC

 

A prevenção da DPOC é multifacetada, abrangendo várias medidas de estilo de vida e de saúde pública:

 

  • Cessação do tabagismo: O tabagismo é o principal fator de risco para a DPOC. Parar de fumar pode interromper a progressão da doença e é a única maneira comprovada de reduzir o risco de desenvolver DPOC.
  • Evitar a exposição a poluentes: Isso inclui poluição do ar exterior e interior, fumaça de segunda mão, e vapores químicos ou poeira no local de trabalho.
  • Exercícios regulares: A atividade física pode melhorar a capacidade respiratória e a saúde geral. Exercícios específicos de fortalecimento muscular, como a caminhada, são benéficos.
  • Nutrição adequada: Uma dieta rica em frutas e vegetais pode reduzir o risco de desenvolver DPOC, devido aos antioxidantes que eles contêm.
  • Manutenção do peso corporal ideal: O sobrepeso ou a obesidade podem agravar a falta de ar, enquanto a magreza excessiva pode enfraquecer a musculatura respiratória.
  • Vacinação: Vacinas contra gripe, pneumonia e coqueluche podem prevenir infecções que podem levar a complicações da DPOC.
  • Avaliações de saúde regulares: Acompanhamento médico regular, incluindo espirometrias para aqueles em risco, podem detectar DPOC em seus estágios iniciais.
  • Educação sobre saúde respiratória: Conscientizar sobre a DPOC e seus fatores de risco é essencial, especialmente para indivíduos com histórico familiar da doença.
  • Monitoramento da qualidade do ar: Usar um purificador de ar em casa e monitorar os relatórios de qualidade do ar externo pode ajudar a reduzir a exposição a poluentes.
  • Uso de equipamento de proteção individual: Em ambientes de trabalho com exposição a poeira ou produtos químicos, o uso de máscaras e sistemas de ventilação adequados é vital.
  • Gestão do estresse: O estresse pode exacerbar os sintomas da DPOC, portanto, é importante desenvolver estratégias de manejo do estresse.

 

Adotar essas práticas pode não apenas reduzir o risco de desenvolver DPOC, mas também melhorar a saúde respiratória e a qualidade de vida em geral. A conscientização sobre essas medidas de prevenção é particularmente importante para pessoas que já têm um risco elevado devido a fatores como história familiar de DPOC ou exposição a longo prazo a irritantes pulmonares.