Como reconhecer um caso de depressão na terceira idade e como proceder após o diagnóstico a fim de tratá-la adequadamente?
A depressão na terceira idade é uma doença cada vez mais comum, mas muitas vezes é pouco reconhecida, tanto por médicos, quanto pelo próprio idoso.
O peso dos anos e o tempo livre adquirido com a aposentadoria podem ser fatores motivadores.
Entenda melhor como funciona a doença, como reconhecer os sintomas da depressão, o tratamento indicado à terceira idade e mecanismos para evitá-la. Confira.
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O que é depressão?
Primeiramente é interessante entender o que é a depressão e como ela atua no corpo humano, especialmente nos idosos.
Por ser uma doença que acomete principalmente a mente, muitas vezes é ignorada, dificultando o diagnóstico e tratamento adequados.
Por isso, a importância de entender melhor o que é e como funciona umas das doenças que mais afeta a qualidade de vida da população mundial.
O transtorno depressivo é uma doença mental que acomete drástica e negativamente o humor e visão de mundo do paciente.
O quadro depressivo provoca alterações expressivas em relação a aumento de características negativas ligadas a tristeza, falta de motivação, ânimo e disposição tanto física quanto mental.
Muitas vezes, o distúrbio é visto somente como uma tristeza recorrente ou uma fase ruim que vai passar, mas o acompanhamento dos sintomas persistentes pode auxiliar no diagnóstico adequado.
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Principais sintomas da depressão na terceira idade
O principal fator de diagnóstico da depressão é a percepção dos sintomas presentes.
Especialmente na terceira idade, a tristeza pode ser um sentimento muito comum, visto que nessa fase ocorrem grandes mudanças de vida.
Na terceira idade geralmente aumentam as queixas de solidão, tempo livre sem um propósito, comprometimentos físicos e diminuição da virilidade.
Em virtude desse novo cenário o idoso pode desencadear sentimentos muito parecidos com os sintomas da depressão.
Porém, é possível distinguir as manifestações maléficas daquelas que estão dentro da normalidade.
Os principais sintomas de transtorno depressivo são:
- Alterações de humor;
- Tristeza profunda sem motivação aparente;
- Tendência a isolamento social;
- Falta de apetite;
- Distúrbios do sono como insônia ou excesso de sono;
- Apatia e desmotivação para fazer tarefas que anteriormente eram prazerosas;
- Queixas de dores atípicas.
Por serem características comuns a outros tipos de doenças é necessário observar a intensidade e regularidade dos sintomas.
Se forem questões persistentes e sem motivação evidente, é recomendado acompanhamento médico para um diagnóstico correto e posterior tratamento.
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Causas da depressão
Quando a suspeita de depressão surge, a primeira questão que vem à cabeça são as possíveis causas.
O que será que pode ter motivado o quadro?!
As prováveis causas da depressão são variadas, mas sempre associadas diretamente a grandes mudanças.
É justo na terceira idade que essas mudanças costumam se acentuar.
Há a aposentadoria, perda de amigos, cônjuges e conhecidos de longa data e o corpo começa a transparecer sinais de envelhecimento mais contundentes.
Na maioria das vezes não é fácil lidar com todos esses acontecimentos e transições e a partir daí o indivíduo se vê cada vez mais desmotivado.
No entanto, os relatos passam a ser preocupantes a partir do momento em que essa tristeza e sentimentos de menos valia passam a ser mais profundos.
Portanto, quando a tristeza deixar de ser somente uma visita indesejada e passar a fazer morada é indispensável a procura de um médico habilitado.
Como evitar a depressão na terceira idade
Para qualquer pessoa que recebe ou está próximo de quem recebe diagnóstico de transtorno depressivo, uma das dúvidas mais comuns é se há como evitar o problema.
E sim, há meios de reduzir as chances de desenvolver a doença.
Assim que os primeiros sintomas forem percebidos a primeira indicação é procurar ajuda, seja de qualquer forma.
O primeiro passo é entender que pode sim acontecer com qualquer pessoa e em qualquer idade, mas que alguns comportamentos podem evitar e amenizar.
Então, quais são os comportamentos que podem ajudar a evitar a depressão? Veja abaixo:
- Prática de atividades físicas regulares;
- Não consumir álcool e/ou drogas;
- Alimentação balanceada e rica em vitaminas e minerais;
- Acompanhamento médico para controlar alterações metabólicas/hormonais;
- Manter-se ativo social e intelectualmente;
- Cultivar relações de afeto;
- Executar atividades que lhe sejam prazerosas.
- Evitar situações de estresse.
Observou que as recomendações acima são condizentes com o que é indicado para ter boa qualidade de vida?!
Com efeito, seja qual for a motivação, hábitos de vida saudáveis são capazes de evitar e reduzir uma série de doenças, inclusive a depressão.
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Quais as consequências da depressão na terceira idade
A depressão pode ocasionar o surgimento de outros transtornos e doenças, quando não tratada.
Principalmente na terceira idade, o transtorno pode impactar em outras questões, tanto mentais quanto físicas.
A depressão no idoso pode levar a esquecimentos e até mesmo simular quadros demenciais.
A falta de motivação para se alimentar, se exercitar, e socializar pode gerar distúrbios associados.
A saúde pode ficar debilitada em decorrência disso e gerar doenças mais severas e preocupantes, agravando o problema inicial.
A ausência de tratamento adequado, portanto, pode levar o idoso a óbito, tanto por questões motivadas pelo transtorno depressivo, quanto por suicídio.
De fato, as consequências existem e podem ser irreversíveis.
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Como saber se o idoso está mesmo com depressão?
Apesar de parecer que não, é possível saber quando a suspeita é plausível somente pela auto-observação.
Por meio da análise comportamental é visível quando trata-se de uma tristeza passageira ou quando é algo crônico.
Se de repente, alguém que era alegre, entusiasmado, animado e cheio de vontade de viver passa a ter atitudes e sentimentos contraditórios é sinal de que algo não está normal.
Se mesmo quando algo muito bom e animador acontece e mesmo assim não é suficiente para esboçar sentimentos e ações condizentes, também é um grande indicativo.
Assim sendo, a observação do comportamento, das atitudes, das ações, falas e pensamentos da pessoa em questão já são suficientes para levantar suspeitas e motivar a busca por ajuda médica.
Na dúvida, procure auxílio de profissional capacitado para que, dessa forma, um tratamento precoce seja possível antes do agravamento dos sintomas.
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Como funciona o tratamento
Antes de qualquer coisa, é preciso que a depressão não seja vista como uma mera queixa decorrente da idade.
O tratamento inicia quando o paciente assume que há algo de errado e busca ajuda profissional.
A partir daí, seguido de um diagnóstico clínico adequado é possível iniciar o tratamento medicamentoso e terapêutico.
A intervenção medicamentosa nada mais é do que administração de drogas que melhoram os sintomas associados à negatividade.
Essas drogas atuam em áreas do cérebro e em regulações hormonais responsáveis pelas sensações de bem estar.
Já o recurso terapêutico alivia sintomas atrelados a relatos que o próprio paciente faz ao médico e que são solucionados de diversas maneiras, de forma não medicamentosa.
As psicoterapias associam técnicas relativas à fala, escuta, acolhimento, expressões artísticas e meios que fazem com que o paciente se expresse e elabore os sentimentos nocivos.
Por consequência de um acompanhamento rotineiro e execução das terapias recomendadas é bem possível obter boa resposta ao tratamento para a depressão na terceira idade.
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Quanto tempo dura o tratamento?
A duração do tratamento é bastante relativa.
Depende de muitos fatores a serem analisados e muda de acordo com cada pessoa e com o nível dos sintomas apresentados.
Em alguns casos é necessário acompanhamento intensivo medicamentoso por longos períodos, seguido de manutenção até chegar a fase de redução.
Em outros cenários somente a psicoterapia já apresenta resultados satisfatórios.
Na maioria dos contextos gerais é feita uma associação de acompanhamento médico com administração de remédios e psicoterapia.
Dessa forma, não há um padrão específico de tratamento nem tempo certo de duração.
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O que fazer para a depressão não retornar?
De acordo com os estudos, a recaída e reincidência do quadro depressivo é bastante comum.
Portanto, é indicado que o paciente siga em observação e tenha cuidados de prevenção.
As recomendações médicas são desde hábitos de vida saudáveis até o acompanhamento médico regular.
Na terceira idade é fundamental que o idoso conte com o apoio e cuidado de familiares e amigos.
O círculo social tem papel muito importante, tanto na recuperação, quanto na não recidiva da doença.
O apoio psicológico, físico e mental é de suma relevância e atinge diretamente os resultados dos sintomas e resposta do organismo frente à reabilitação.
A depressão na terceira idade pode ser muito mais grave do que a depressão em outros casos.
Por conseguinte, ela acomete de forma direta a vida do paciente, já debilitado por outras questões da idade e envelhecimento.
Desse modo, é essencial a presença da família na vida do idoso, demonstrando atenção às suas necessidades e mantendo proximidade.
E por parte do próprio idoso, é indispensável que se observe e procure ajuda caso perceba qualquer alteração de humor..
A conscientização é o primeiro passo no caminho até a cura.
Depressão na terceira idade é assunto sério, então se cuide e cuide do seu idoso amado!
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Dra. Ludmila Lodi
Além da graduação em medicina pela UFMG, a Dra. Ludmila também fez residência em Clínica Médica pelo Hospital João XXIII e residência em Geriatria pelo Hospital das Clínicas da UFMG. Trabalha como médica Geriatra da Medsenior. Médica Geriatra e sócia da Clínica Incentro em Belo Horizonte e Lagoa Santa.
Tem como experiência de trabalho a atuação como médica do Programa de Saúde da Família na Prefeitura de Itabirito/MG, médica geriatra da Usiminas, plantonista e apoio ao corpo discente na UTI do Hospital Universitário da Ciências Médicas e na UTI de queimados no Hospital João XXIII.⠀